Publicado por: wilbop | 19/01/2010

Such Sweet Thunder – Duke Ellington

Este disco é uma das maiores obras primas de Duke Ellington. Inspirada na obra de William Shakespeare a suíte “Such Sweet Thunder” leva o toque do sensível parceiro musical de Duke, Billy Straythorn, e destaca belos solos dos geniais músicos da orquestra: Clark Terry, Johnny Hodges, Paul Gonsalves e Quentin Jackson.

No final dos anos 30 Duke Ellington já era um dos mais respeitados líderes do jazz, capaz de conseguir convencer as gravadoras a aceitar trabalhos que desenvolviam temas musicais complexos, muito diferentes da febre dancante tocada pelas big bands até então. Nos anos 40 e 50 Duke gravou álbuns preciosos e sua parceria com o jovem Strayhorn trouxe uma complexibilidade e suavidade incríveis ao som da banda. Prova disso é o resultado desta gravação realizada entre agosto de 56 e maio de 57, sob o respaldo da gigante Columbia Records.

São várias as faixas que merecem destaque. A faixa de abertura que leva o nome do disco é marcada pelo ritmo forte da bateria de Woodyard, a dramática melodia do náipe de trombones e os estridentes trompetes de Clark Terry e sua turma. Já a bela “Lady Mac” é um passeio da banda no ritmo de valsa terminando em grande climax, com toques do bom e velho ragtime. O sax barítono de Carney comanda “The Telecasters”, homenagem a Othelo,  sobre os trombones de Sanders, Jackson e Woodman e a ótima “Up and Down, Up and Down” é dominada pelo divertido trompete de Clark Terry (também perfeito na surdina em “Sonnet For Sister Kate”).

A mais tocante faixa é a balada “The Star-Crossed Loved”, uma homenagem ao trágico romance de Romeu e Julieta. A dramaticidade da música não poderia ser melhor interpretada do que pelo sax alto de Jonnhy Hodges que também brilha na exótica “Half and Fun” homenageando Cleópatra em um dos solos mais sensuais que ouvi do saxofonista. Já Paul Gonsalves tem seu melhor momento em “Circle of Fourths”. O Cd inclui ainda faixas bonus e alguns takes.

“Such Sweet Thunder” é uma verdadeira obra de arte e um dos melhores trabalhos da parceria Ellington-Stayhorn.

Músicas:

1. “Such Sweet Thunder” (Ellington, Strayhorn) – 3:22
2. “Sonnet for Caesar” (Ellington, Strayhorn) – 3:00
3. “Sonnet to Hank Cinq” (Ellington, Strayhorn) – 1:24
4. “Lady Mac” (Ellington, Strayhorn) – 3:41
5. “Sonnet in Search of a Moor” (Ellington, Strayhorn) – 2:22
6. “The Telecasters” (Ellington, Strayhorn) – 3:05
7. “Up and Down, Up and Down (I Will Lead Them Up and Down)” (Ellington, Strayhorn) – 3:09
8. “Sonnet for Sister Kate” (Ellington, Strayhorn) – 2:24
9. “The Star-Crossed Lovers” (Ellington, Strayhorn) – 4:00
10. “Madness in Great Ones” (Ellington, Strayhorn) – 3:26
11. “Half the Fun” (Also known as “Lately”) (Ellington, Strayhorn) – 4:19
12. “Circle of Fourths” (Ellington, Strayhorn) – 1:45
13. “The Star-Crossed Lovers” (Also known as “Pretty Girl”) (Ellington, Strayhorn) – 4:15
14. “Circle of Fourths” (Ellington, Strayhorn) – 1:47
15. “Suburban Beauty” (Ellington) – 2:56
16. “A-Flat Minor” (Ellington) – 2:33
17. “Café au Lait” (Ellington, Strayhorn) – 2:49
18. “Half the Fun” (Alternate take) (Ellington, Strayhorn) – 4:08
19. “Suburban Beauty” (Alternate take) (Ellington) – 2:56
20. “A-Flat Minor” (Outtake) (Ellington) – 3:49
21. “Café au Lait” (Also known as the “Star-Crossed Lovers”) (Outtake) (Ellington, Strayhorn) – 6:21
22. “Pretty Girl” (Ellington, Strayhorn) – 8:54

Banda:

Clark Terry , Cat Anderson, Ray Nance, Willie Cook – Trompetes
Quentin Jackson, John Sanders, Britt Woodman – Trombones
Harry Carney – Clarone, Sax Barítono
Paul Gonsalves – Sax Tenor
Jimmy Hamilton – Clarinete, Sax Tenor
Johnny Hodges – Sax Alto
Russell Procope – Clarinete, Sax Alto
Duke Ellington – Piano, Orquestração
Jimmy Woode – Baixo
Sam Woodyard – Bateria
Billy Strayhorn – Orquestração

(A discografia de Duke é vasta e muito rica. A homenagem de Duke ao músicos de New Orleans gerou o ótimo disco “New Orleans Suite” pouco antes de sua morte e a bela suite sobre o negro na formação e construção dos EUA em “Black, Brown and Beige” são obrigatórios na coleção de cds de qualquer um que aprecie música instrumental)

Link para compra

Publicado por: wilbop | 16/01/2010

Back At The Chicken Shack – Jimmy Smith

No meu último post citei alguns discos que fazem aniversário nesse ano e por fim comecei a escutar novamente parte dos cds listados. Um disco que sempre gostei muito foi “Back At The Chicken Shack” do genial Jimmy Smith.

Jimmy Smith foi um dos maiores responsáveis pela evolução do chamado soul-jazz e também pela fama que o orgão Hammond conquistou nos anos 50 e 60.

Em 1956 Smith assinou um contrato que durou cerca de 8 anos com o prestigiado selo Blue Note, gravando cerca de 40 sessões. Um dos mais notáveis trabalhos gerados dessa união foi este álbum de abril de 1960, da mesma sessão que gerou o também ótimo “Midnight Special”.

O quarteto nessa gravação é impecável. Além do consagrado Hammond de Smith podemos ouvir o sax tenor de Stanley Turrentine (perfeito para o som de Smith), a guitarra do mestre Kenny Burrell e a bateria de Donald Bailey, velho parceiro do líder.

A faixa de abertura leva o nome do disco e é cheia de balanço. A entrada do sax tenor no início da música e o solo de Smith são geniais. É a faixa do disco! Já o standard “When I Grow Too Old to Dream” ganha uma roupagem “groove” bem interessante, principalmente pelo orgão de Smith. A linha do baixo feita pelo Hammond de Smith dá todo o swing e é sensacional a mudança nessa antiga música ao comparar com as gravações da década de 40, nos anos das big bands.

Seguindo o disco temos “Minor Chant” que destaca o sax de Turrentine que abre com um solo de uns cinco minutos tocando notas precisas e com muita energia e “Messy Bessie” com uma deliciosa melodia levada por Turrentine até seu solo no tenor, seguido de Burrell. Kenny Burrell não é meu guitarrista preferido, mas é impressionante a capacidade dele em tocar sempre as notas certas, perfeitas. Para fechar o disco a agradável faixa “On The Sunny Side of The Moon” que originalmente não faz parte desse álbum e chega como um “bonus take”.

“Back At The Chicken Shack” é um disco muito acessível, fácil de ouvir e rapidamente conquista os menos interessados nos estilos derivados do jazz.

1. “Back at the Chicken Shack” (Jimmy Smith) — 8:01
2. “When I Grow Too Old to Dream” (Hammerstein II, Romberg) — 9:54
3. “Minor Chant” (Stanley Turrentine) — 7:30
4. “Messy Bessie” (Smith) — 12:25
5. “On the Sunny Side of the Street” (Fields, McHugh) — 5:45
Jimmy Smith – Orgão Hammond
Kenny Burrell – Guitarra
Stanley Turrentine – Sax Tenor
Donald Bailey – Bateria
(Jimmy Smith faleceu em 2005 mas felizmente deixou muitas gravações, graças ao sucesso que conseguiu alcançar já em 1956 . Recomendo gravações como a vibrante “House Party”, de 1957 – com sopros que incluem Lee Morgan, Lou Donaldson, Curtis Fuller e outros titãs – e já em versão orquestra o ótimo “Bashin!” com arranjos de Oliver Nelson e uma big band de 17 músicos)
Publicado por: wilbop | 09/01/2010

Há cinquenta anos atrás

No ano passado celebramos os 50 anos de um dos mais importantes discos do jazz, o Kind of Blue de Miles Davis e seu estelar sexteto. No entanto não podemos nos esquecer que em cada ano importantes discos são gravados e que cada um deles contribui para fortalecer esse centenário estilo musical.

Esse ano diversos discos também completam 50 anos e dentre todos eles dezenas foram fundamentais. Gostaria de destacar alguns que estão imortalizados como os maiores “masterpieces” de 1960. Viva o Jazz!

Ornette Coleman: Free Jazz
Wes Montgomerry: The Incredible Jazz Guitar
– Hank Mobley: Soul Station
Charles Mingus: Presents
Tina Brooks: True Blue
– George Russell: Stratusphunk
Art Pepper: Gettin’ Together!
Miles Davis: Sketches of Spain
Jimmy Smith: Back At The Chicken Shack
Horace Silver: Horace-Scope
Gil Evans: Out of The Cool
– Art Farmer and Benny Golson: Meets the Jazztet
Max Roach: We Insist Freddom Now Suite!
– Oliver Nelson: Taking Care of Business
Eric Dolphy: Far Cry
John Coltrane: Coltrane’s Sound

Publicado por: wilbop | 09/01/2010

Out To Lunch! – Eric Dolphy

Eis aqui um álbum que revolucionou o cenário do jazz no início dos anos 60. “Out To Lunch” é um dos mais importantes discos do prestigiado selo Blue Note, em seus mais de 70 anos de produção musical.

Eric Dolphy teve uma carreira meteórica. Rapidamente foi reconhecido como um verdadeiro gênio quando ingressou no quinteto do líder baterista Chico Hamilton em 1959. Pouco mais de um ano depois já fazia parte do grupo de Charles Mingus.

Em paralelo, Dolphy também já havia conseguido reputação suficiente para gravar como líder e deixou fundamentais discos nos anos 60 e 61. No final de 61 Dolphy foi convidado por ninguém menos do que John Coltrane para fazer de seu quarteto um quinteto. Dolphy foi um dos poucos saxofonistas que gravou ao lado de Coltrane e inclusive gravaram o lendário “Live at Village Vanguard”, disco que criou tremendo estardalhaço na época, sendo muito criticado pelas revistas especializadas tamanha era a revolução musical oferecida pelos dois.

“Out To Lunch” foi gravado em 25 de fevereiro de 1964, quatro meses antes da morte de Dolphy. É um disco difícil e exige bastante do ouvinte. É preciso ouvir duas, três vezes para compreendê-lo. Tal complexibilidade não se deve somente ao trabalho do líder no disco, mas também pela fundamental presença de outros inovadores jazzistas. Juntam-se a Dolphy (que nesse disco toca sax alto, flauta e clarone) o trompetista Freddie Hubbard dividindo a frente e na seção rítmica uma formação curiosa, sem piano. Bobby Hutcherson no vibrafone, Richard Davis no baixo e o então jovem baterista, Tony Williams com 18 anos de idade.

A primeira faixa do disco é “Hat and Beard”, uma homenagem do líder ao pianista Thelonious Monk, onde podemos ouvir um desconcertante solo de Dolphy tocando clarone seguido de Freddie Hubbard. Complementando a genialidade dessa faixa temos o baixo marcado de Davis, o toque dissonante de Hutcherson e o rítmo truncado de Williams.

O disco segue com a faixa “Something Sweet, Something Tender” em andamento mais suave, quase uma balada (0 solo de clarone feito Dolphy é fantástico) e na sequência “Gazzelloni”, onde o líder troca o clarone pela flauta.

As duas últimas faixas apresentam Eric no sax alto. Os solos no sax alto de Dolphy são tão ímpares que ao ouvir dois segundos iniciais é facíl identificá-lo. A faixa título é marcada pela bateria militar de Williams e o vibrafone de Hutcherson. Essa é a maior faixa do disco e em minha opinião o mais complexo solo de Dolphy. Fechando o disco “Straight Up and Down”.

Após ouvir “Out to Lunch” não é difícil ficar imaginando quais seriam os passos desse ousado saxofonista que mesmo falecendo tão jovem (aos 36 anos de idade) se tornou uma lenda do jazz.

1. “Hat and Beard” (Dolphy) – 8:24
2. “Something Sweet, Something Tender” (Dolphy) – 6:02
3. “Gazzelloni” (Dolphy) – 7:22
4. “Out to Lunch” (Dolphy) – 12:06
5. “Straight Up and Down” (Dolphy) – 8:19

Músicos

Eric Dolphy — clarone (1 & 2), flauta (3), saxofone alto (4 & 5)
Freddie Hubbard — trompete
Bobby Hutcherson — vibrafone
Richard Davis — baixo
Tony Williams — bateria

(Se você se identificou com o som de Dolphy, ouça os discos “Out There” e “Far Cry”. Com Coltrane foram poucas as gravações. O já citado “Live! at Village Vanguard” e “Olé”, gravado em estúdio. Estes discos podem ser encontrados na Livraria Cultura, que possui um grande acervo de cds de jazz)

Compre o CD Out To Lunch

Publicado por: wilbop | 17/12/2009

Coleman Hawkins Encounters Ben Webster

Acabei de escutar esse incrível cd com dois dos mais importantes saxofonistas da história: Coleman Hawkins, o primeiro grande solista do sax tenor e Ben Webster, o explosivo saxofonista que brilhou nos anos 30 tocando na orquestra de Duke Ellington. Além da dupla que obviamente domina esta gravação de 1957, a seção rítimica também é estelar com o pianista Oscar Peterson e seu trio.

A faixa inicial, um blues de autoria de Hawks, “Blues for Yolande” é a mais explosiva e divertida do disco, com ambos solando ferozmente. O primeiro solo é de Hawks, seguido de Ben. Mas é o piano de Peterson que dá todo o tempero, mergulhando no blues. No entanto as baladas é que brilham neste albúm. Tanto Hawks quanto Ben foram os melhores intérpretes em baladas e este disco possibilitou belas gravações, como a linda faixa “Tangerine” com os dois saxofonistas trocando elegantes solos. Uma lição de saxofone.

O CD inclui mais duas versões de “Blues for Yolande”, sendo uma delas um take incompleto com o grupo e o engenheiro de som conversando.

1 – Blues for Yolande (Hawkins) – 6:44
2 – It Never Entered My Mind (Richard Rodgers, Lorenz Hart) – 5:47
3 – La Rosita (Paul Dupont, Allan Stuart) – 5:02
4 – You’d Be So Nice to Come Home To (Cole Porter) – 4:15
5 – Prisoner of Love (Russ Columbo, Clarence Gaskill, Leo Robin) – 4:13
6 – Tangerine (Johnny Mercer, Victor Schertzinger) – 5:21
7 – Shine On, Harvest Moon (Jack Norworth, Nora Bayes) – 4:49
8 – Blues for Yolande (mono) (Hawkins) – 6:53
9 – Blues for Yolande (incomplete take) (Hawkins) – 2:59

Coleman Hawkins – Tenor Saxophone
Ben Webster – Tenor Saxophone
Oscar Peterson – Piano
Herb Ellis – Guitarra
Ray Brown – Baixo
Alvin Stoller – Bateria

(Hawks e Ben gravaram ótimos discos, mas suas gravações dos anos 30 somente são encontradas em coletâneas. Um disco imperdível de Hawks é “Duke Ellington meets Coleman Hawkins”, onde Duke toca com uma formação menor, um sexteto, dando todo destaque aos solos de Hawks. Este é um dos disco que mais tenho escutado. Já Ben Webster gravou o belo “Soulville”, onde é acompanhado por Oscar Peterson e seu trio. Disco obrigatório para quem quer conhecer o trabalho de Ben).

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Publicado por: wilbop | 03/12/2009

One Flight Up – Dexter Gordon

Dexter Gordon teve uma carreira invejável. Gravou muitos discos, ganhou fama já na metade dos anos 40, viveu um tempo na europa e chegou a atuar em um filme na década de 80. O som encorpado e elegante é característico desse que foi um dos maiores saxofonistas tenor do jazz. Juntamente com Coleman Hawkins, Ben Webster e Lester Young, Gordon em minha opinião é um dos melhores saxofonistas em baladas.

É fácil encontrar bons discos desse titã (ao menos em boas lojas de Cds como a Livraria Cultura). Dentre muitos bons discos escolhi falar de “One Fight Up” que foi gravado em 1964 pelo selo Blue Note, em um momento onde Dexter já estava vivendo na Europa. Diferente de muitas gravações do saxofonista nessa época que costuma gravar em formação de quarteto, “One Flight Up” tem a ajuda de um quinto elemento. O quinteto é formado pelo brilhante trompete de Donald Byrd, o piano de Kenny Drew, Niels-Henning Ørsted Pedersen no baixo e o baterista Art Taylor.

As quatro faixas do disco são excelentes e não somente Dexter mas também Byrd brilham nessa gravacão. A primeira faixa do disco é “Tanya”, de Donald Byrd, minha favorita no disco e também a maior com cerca de 18 minutos de duração, tempo bastante explorado pelos voos de Dexter e Byrd. A melodia base da faixa, apoiada no piano de Drew criam todo o clima da música. Uma bela faixa que merece especial atenção. A próxima faixa é “Coppin The Haven”,  mais uma excelente música com um andamento mais rápido que a anterior e cheia de energia no trabalho dos sopros. N sequência temos a balada “Darn The Dream”, terreno fértil para os solos de Gordon e Drew e fechando o disco, “Kong Neptune”, a mais swingada e despojada.

Um detalhe que vale a pena observar é o belo trabalho de fotografia da capa do disco. Pra variar o designer da Blue Note, Reid Miles soube utilizar da fotografia do mestre Francis Wolff para criar mais uma linda capa. Não bastasse a arte musical do disco, ainda podemos contemplar o belo design que ao meu ver ainda hoje é pra lá de moderno.

1 – Tanya
2 – Coppin’ The Haven
3 – Darn The Dream
4 – Kong Neptune

Dexter Gordon – sax tenor
Donald Bird – trompete
Kenny Drew – piano
Niels-Henning Ørsted Pedersen – baixo
Art Taylor – drums

(Um outro ótimo disco de Dexter é “Go”. A faixa “Cheesecake” é a melhor faixa de autoria de Dexter que já ouvi. Um outro ótimo disco é “Our Man In Paris”, onde Dexter explora vários standards do bebop)

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Publicado por: wilbop | 28/11/2009

Search For The New Land – Lee Morgan

Clifford Brown, Dizzy Gillespie, Louis Armstrong, Fast Navarro, Woody Shaw… o jazz foi repleto de grandes trompetistas. O trompete foi o primeiro instrumento a se destacar no jazz e vários mestres o dominaram nestes últimos cem anos. No entanto separei um músico que em um curto espaço de tempo tornou-se o melhor de sua época: Lee Morgan.

Morgan morreu muito jovem mas felizmente deixou boas gravações, principalmente pelo selo Blue Note. Todos os discos são excelentes mas vou destacar esse como um dos melhores. “Search For The New Land” foi gravado em 1964. Já na capa é fácil identificar que o disco é especial pelo fato do lineup escrito ali. Morgan é acompanhado por Wayne Shorter, Herbie Hancock, Grant Green, Reggie Workman e Billy Higgins… todos eles grandes mestres, já naquela época. Curiosamente este disco reúne parte dos músicos que mais gosto: Morgan, Green e Shorter.

As cinco faixas do disco são de autoria do líder e grandes clássicos foram criados aqui. A faixa título do disco é muito criativa, mesmo hoje, 45 anos depois da gravação. Os solos são perfeitos e casam com a melodia tornando essa faixa a melhor do disco. No entanto outras faixas memoráveis são “Mr. Kenyatta” a mais vibrante do disco e “Morgan The Pirate”. Esse disco é imperdível.

1 – Search For The New Land
2 – The Joker
3 – Mr. Kenyatta
4 – Melancholee
5 – Morgan The Pirate

Lee Morgan – trompete
Wayne Shorter – sax tenor
Grant Green – guitarra
Herbie Hancock – piano
Reggie Workman – baixo
Billy Higgins – bateria

(Muitos dos discos desse trompetistas estão espalhados por aí. Algumas recomendações são “The Sidewinder”, “Cornbread”, “The Cooker” e “Infinity”. Uma gravação que chama muito atenção é “Blue Train” de John Coltrane, o primeiro disco como líder de Trane. O trompetista naquela gavação é Morgan que pra alguns roubou a cena no disco)

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Publicado por: wilbop | 24/11/2009

Blues for Smoke – Jaki Byard

Jaki Byard foi um dos pianistas mais criativos no jazz. Tinha total domínio do piano e era capaz de tocar em qualquer estilo. Prova disso é esse fantástico disco gravado em 1960 pelo selo Candid, onde Byard explora diversos estilos, do antigo stride ao experimental tocando nove faixas em piano solo, todas composições suas. Este foi o primeiro trabalho solo do pianista que ficou famoso ao acompanhar o grupo de Charles Mingus e de participar de gravações memoráveis de Rahsaan Roland Kirk.

O disco é uma lição de piano e é difícil destacar uma faixa já que o disco é brilhante. Particularmente gosto da primeira faixa “Journey/Hollis Stomp/Milan to Lyon” que combina os estilos mais antigos do jazz no piano e é dividida em três momentos. “Pete and Thomas (Tribute to the Ticklers) lembra em alguns momentos o piano de Fats Waller e é outra ótima faixa. E o bom e velho blues, presente na faixa “Blues for Smoke”.

Apesar de não ser considerado um dos titãs no piano, acho que Byard ao lado de Bobby Timmons e Sonny Clark são pianistas geniais por sua ousadia e criatividade e não somente pela destreza no instrumento. Tenho certeza que este disco comprova isso.

1 – Journey/Hollis Stomp/Milan to Lyon
2 – Aluminium Baby
3 – Pete and Thomas (Tribute to the Ticklers)
4 – Spanish Tinge No.1
5 – Flight of the Fly
6 – Blues for Smoke
7 – Jaki’s Blues Next
8 – Diane’s Melody
9 – One, Two, Five

Jaki Byard – piano solo

(Jaki Byard não gravou muito como líder e é bem difícil achar seus discos. Como líder, um outro ótimo disco é “Jaki Byard Experience” que conta com Rahsaan Roland Kirk. Na mesma linha temos o “Rip, Rig and Panic” liderado pelo Kirk e com Byard no piano. Como acompanhante no grupo de Mingus, destaco “Black Saint and the Sinner Lady”)

Publicado por: wilbop | 10/11/2009

I, Eye, Aye. Live at Montreux – Rahsaan Roland Kirk

rolandkirk Após um hiato de novos posts falarei rapidamente de Rahsaan Roland Kirk. Para os que ainda não tiveram o prazer de ter contato com a música desse incrível gênio dos sopros, essa é a oportunidade. Cego desde os dois anos de idade, Kirk desenvolveu técnicas ímpares como tocar até três instrumentos de sopro simultânemante (normalmente o sax tenor, o Manzello e o Stritch), falar e soprar flauta ao mesmo tempo e utilizar de técnicas de respiração circular (respirar o mesmo ar expelido, prolongado as notas por um tempo extendido)… fora as diversas flautas que tocava (inclusive uma com o nariz) apitos, sirenes.

Este disco foi gravado em 1972 no famoso festival de Montreux mas somente lançado em 1996, mais de vinte anos após a morte de Kirk vítima de um segundo derrame (digo segundo porque ao sofrer o primeiro derrame, Kirk teve uma paralisia parcial em um dos braços e então continuo tocando somente com uma mão). Incrível, não?

O material deste disco é rico apesar dos 48 minutos de música. O líder é acompanhado por um quarteto, mas para variar é ele quem brilha do início ao fim do disco. Além da irreverência e absoluto controle dos instrumentos que toca podemos também ouvir breves falas de Kirk, sempre muito animadas. Destaques para a levada “funk” de “Volunteered Slavery”, “Serenade to a Cuckoo” (do disco “I Talk with the Spritis”, todo tocado em flauta) e “Pedal Up”. Álias para quem quiser ver um vídeo deste mestre em ação segue o link de “Pedal Up” (com direito a apresentação de Quincy Jones):

http://www.youtube.com/watch?v=S0JJmwq7KXQ

Abaixo a lista das músicas de “I, Eye, Aye” e o quinteto.

1.Rahsaantalk 1
2.Seasons
3.Rahsaantalk 2
4.Balm in Gilead
5.Volunteered Slavery
6.Rahsaantalk 3
7.Blue Rol No. 2
8.Solo Piece: Satin Doll / Improvisation
9.Serenade to a Cuckoo
10.Pedal Up

Rahsaan Roland Kirk (tenor sax, manzello, stritch, clarinete, flauta, flauta de nariz, sirene);
Ron Burton (piano);
Henry “Pete” Pearson (baixo);
Robert Shy (bateria);
Joe “Habao” Texidor (percurssão).

(Infelizmente não é fácil encontrar discos de Roland Kirk. Um dos principais discos dele, “Rip, Rig and Panic”, é possível encontrar em boas lojas de Cds como a Livraria Cultura que possui um belíssimo acervo. Já discos como “The Inflated Tear” (o melhor em minha opinião) ou “Domino”, por exemplo, uma opção é buscar no site da Amazon. Já comprei dezenadas de cds de lá.)

Publicado por: wilbop | 10/10/2009

Movin’ And Groovin’ – Horace Parlan

parlanUm ótimo disco de um pianista pouco citado. Parlan participou de importantes gravações ao lado de Charles Mingus, Dexter Gordon e mais tarde, Roland Kirk. Este disco foi a estréia do pianista pelo selo Blue Note em fevereiro de 1960. Apesar de ter perdido o movimento de parte da mão direita devido a poliomelite quando criança, Parlan é capaz de tocar um piano muito delicado e sofisticado. Essa sessão é prova disso. Juntam-se ao pianista para uma sequência de standards Sam Jones, no baixo, e o baterista Al Harewood .

  1. C Jam Blues
  2. On Green Dolphin Street
  3. Up In Cynthia’s Room
  4. Lady Bird
  5. Bags’ Groove
  6. Stella By Starlight
  7. There Is No Greater Love
  8. It Could Happen To You

Horace Parlan (piano); Sam Jones (bass); Al Harewood (drums)


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